Perdi-me no meio de tantos pensamentos, tanta raiva, tanta angústia, tantas lágrimas, tanto sofrimento... Resolvi escrever-te esta carta para me tentar encontrar, já que estou perdido, junto ao abismo, sem saber se me atiro ou fico em cima.
Sei que junto a ti encontraria a resposta. Mas tu já não estás aqui. Tiraram-te do mundo. Roubaram-te de mim... Mas não sabiam eles que assim te punham para sempre em mim.
A tua morte foi como se me tivessem alvejado o peito, mas continuando vivo com tal dor profunda.
Como foi possível não terem misericórdia de ti? Tu, tão bela e serena, minha amada. Como foi possível não terem ao menos misericórdia dos nossos filhos? O meu próprio pai. Como fora ele capaz de fazer isso? Como fora ele tão cruel? Como fora ele capaz de me tirar a coisa que eu mais amava? A única pessoa que me faz feliz, tu!
Não consigo arranjar respostas para tais interrogações. Ingénuo foi o que eu fui. Ingénuo por te ter deixado sozinha nas mãos de quem opera friamente. Ingénuo porque não percebi até que ponto a determinação de el-rei meu pai o levava. Essa determinação sobrepunha-se à minha felicidade contigo.
Oh minha Inês!
Não tenho mais palavras para este sofrimento que estou agora a sentir...
Até à eternidade...Inês
Pedro